Baseado no texto escrito por Nicole Davis
Nova pesquisa sobre Dobermann revela um gene envolvido no comportamento compulsivo que poderia ajudar os cientistas a entender o distúrbio de comportamento em humanos.
A primeira vista, um cachorro correndo atrás do rabo parece inofensivo, mas para muitos cães e seus donos, o hábito tem um lado escuro, que significa horas intermináveis e energia gasta para a mesma tarefa. A causa, um tipo de transtorno compulsivo, pode resultar em falta de sono e até mesmo danos físicos.
Tais comportamentos compulsivos tendem a ocorrer em determinadas raças que exibem comportamentos característicos, por exemplo o Doberman e o Pincher geralmente lambem ou chupam seus flancos, muitas vezes até ao ponto de haver sangramentos e infecções de pele. Outras raças, como o Bull Terrier, têm um comportamento repetitivo de perseguir seu próprio rabo.
Esses comportamentos compulsivos (conhecidos como Transtorno Compulsivo Canino - TCC) mostram algumas semelhanças notáveis com o mesmo transtorno de comportamento nos humanos, chamado transtorno obsessivo-compulsivo. Assim, uma compreensão mais profunda da base genética da doença em cães pode levar a um quadro mais claro da condição em ambas as espécies.
Os investigadores exploraram a base genética da TCC a partir das raças Pincher e Doberman. As manifestações da TCC incluem chupar e/ou lamber o próprio flanco, não só são comuns na raça, mas também são facilmente distinguíveis em outros cães. Isso facilitou a tarefa dos pesquisadores de identificar os cães afetados, tornando possível a coleta de um número suficiente de amostras de DNA para estudo.
Com cerca de 150 cães afetados e não afetados, os pesquisadores analisaram amostras de DNA usando uma técnica conhecida como a associação do genoma, que analisa milhares de marcadores genéticos - chamados SNPs ou polimorfismos de nucleotídeo único - em todo o genoma para identificar aqueles que são mais comuns em serem afetados comparando com os que não são afetados. Esses marcadores de alta freqüência atuam como sinalizadores para os genes e outros importantes elementos funcionais do genoma que verificam o risco de um cão desenvolver o transtorno.
O gene em questão é chamado CDH2. Relativamente pouco se conhece sobre seu funcionamento, se sabe que o gene desempenha um papel importante no início do desenvolvimento embrionário, o que tornou difícil para os cientistas aprender sobre suas funções. O que se sabe é que o gene é parte de uma grande família conhecida como caderinas, e que parece agir no cérebro, especificamente nas junções entre neurônios conhecidos como sinapses.
Embora os novos dados indiquem um gene que atua no lugar certo para influenciar o comportamento, os pesquisadores reconhecem que ainda há muito trabalho a ser feito. No entanto, há esperança de que tais esforços levarão a uma melhor compreensão dos transtornos do comportamento tanto nos cães quanto em humanos.
Fonte: http://www.physorg.com
O fator genético tem a influência ainda não completamente comprovada, assim como indica o artigo acima, mas não podemos deixar passar outros fatores que são desencadeantes dos transtornos compulsivos nos cães. Esses fatores são muitas das vezes causados por desconhecimento das pessoas sobre as reais necessidades de um cão, e assim levando o animal a uma situação de estresse.
Entre os principais distúrbios compulsivos em cães estão: Abocanhar Moscas (morde “mosca imaginárias” no ar), Dermatite Acral por lambedura (o cão se lambe tanto que causa lesões), Perseguição de Cauda e Rodopio, Sucção de Flanco (chupa ou lambe a parte traseira a ponto de causar lesões) e etc.
Segundo HORWITZ e NEILSON 2007, foram identificados os seguintes fatores contribuintes para comportamento compulsivos:
- Qualquer situação que cause estresse, conflito ou frustração pode contribuir. Ou seja, o animal pode ser motivado a exibir certo comportamento, mas é impedido de fazer, causando frustração. O estresse pode surgir de ambientes imprevisíveis ou de transtornos que causem desconforto ou ansiedade, como Ansiedade de Separação (cão que não quer ficar sozinho) e medos em geral;
- Mudanças importantes na rotina e/ou composição do lar;
- Treinamentos baseados em punições impróprias e inconsistentes;
- Situação frustrantes, como defesa territorial evitada por alguma barreira;
- Ambiente empobrecido (sem estímulos físico e mental);
- Exercício físico insuficiente para energia do cão;
- Comportamento de busca de atenção reforçado pelos proprietários;
- Doenças: neurológicas, dermatológicas, metabólicas, infecciosas, degenerativas, parasitárias;
Se o seu cãozinho tem algum indicativo de distúrbios compulsivos procure ajuda de um Médico Veterinário que seja especializado em Comportamento Canino, que será o profissional que auxiliará no diagnóstico diferencial entre tantas causas possíveis, desde a patológica até a comportamental, e realizará o tratamento específico.
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