Saibam tomar decisões corretas ao escolherem trazer um cão para seus lares com a intenção de ser companheiro dos seus filhos. Raça ideal? Temperamento? Porte? Cuidados? Saibam mais lendo o artigo.
por Paulo Deslandes:
Observo a bastante tempo pessoas que tomam decisões erradas ao trazerem pra casa um cão, bem intencionadas na maioria das vezes, mas assim que o animal começa a causar qualquer tipo de problema não buscam auxílio. E logo pensam que doar, ou, infelizmente, abandonar o cão é a solução correta para se livrarem do "problema".
Creio que umas das principais causas da desistência de uma família em conviver com um cachorro é a chegada de uma criança no lar, que se não houver uma preparação, conhecimentos e principalmente paciência pode se tornar um transtorno. Espero que esse artigo sirva como alerta para as famílias não tomarem decisões precipitadas ao trazerem um cão para o lar, e posteriormente se arrependerem cometendo ações prejudiciais ao bem-estar do animal. As vezes a melhor decisão é não ter um cão em casa.
INFORMAÇÃO IMPORTANTE PARA OS PAIS
Viver com um cão pode ser benéfico para as crianças. Os cães podem melhorar a auto-estima, ensiná-las a serem responsáveis e ajudá-las a compreender a empatia. No entanto, as crianças e os cães, nem sempre podem ter um relacionamento maravilhoso de forma espontânea. Os pais devem estar dispostos a ensinar ao cão e a criança limites aceitáveis de comportamento, com o objetivo de tornar as interações agradáveis e seguras.
Selecionando um cão
Que idade é a melhor? Muitas pessoas têm uma imagem distorcida de um filhote e uma criança crescendo juntos. Se você tem uma criança e está pensando em adotar um filhote (menos de 1 ano de idade), há algumas coisas que precisa considerar:
Tempo e energia
Filhotes requerem uma grande quantidade de tempo, paciência, treinamento e supervisão. Eles também exigem socialização para se tornarem cães adultos bem ajustados. Isso significa que precisam ser apresentados e expostos a estímulos variados, como locais, objetos e pessoas diferentes. Se você tem uma criança que já exige uma grande quantidade de cuidado e tempo, será que terá tempo suficiente para cuidar de um cachorro?
Segurança
Os filhotes são criaturas frágeis. Um cãozinho pode ficar assustado, ou mesmo ferido por uma criança curiosa, mesmo que bem intencionada, que quer sempre abraçá-lo e explorar seu corpo, puxando o rabo ou as orelhas por exemplo.
Brincadeira Violenta
Os filhotes têm dentes e garras afiadas com as quais podem, inadvertidamente, machucar uma criança pequena. Também tendem a pular em cima das crianças pequenas e derrubá-las. Todas as interações entre o cão e a criança terá que ser supervisionados de perto, a fim de minimizar as chances de lesões.
Vantagens de ter um cão adulto
Os cães adultos necessitam de menos tempo e atenção, uma vez que tenham se adaptado a sua família e a rotina domiciliar, mas você ainda precisa de tempo ajudando o novo cão com a transição para seu novo lar.
Pode avaliar melhor o quanto será tolerante a energia imensa de uma criança, já podendo observar essa característica no abrigo antes de adotar um cão definitivamente, se houver histórico de cães que tenham previamente convivido com crianças melhor ainda.
Como regra geral, se seu filho está abaixo dos 6 anos de idade, é melhor adotar um cão que tenha mais de 2 anos. Mesmo os filhotes sendo mais divertidos, e os pais adorarem observar a criança e o cão crescerem juntos como amigos maravilhosos, eles exigem muito mais tempo para ensinar e supervisionar do que um cão adulto.
Que raça é melhor?
- Tamanho
Raças pequenas como poodles toy ou chihuahuas, podem não ser boas opções para uma criança pequena. Estes cães são frágeis e podem ser facilmente feridos ao serem manipulados. Também tendem a serem mais facilmente assustados por uma série de atividades e barulhos. Cães assustados e medrosos mordem a fim de se protegerem. Cães maiores e mais resistentes, como pugs ou beagles, muitas vezes são capazes de tolerar agitação, barulhos e brincadeiras mais duras que são normais e inevitáveis nas crianças.
- Tipos de Raça
Algumas das raças desportivas, como labradores e golden retrievers, podem ser bons animais de estimação para famílias com crianças. As raças que foram selecionadas para proteção e guarda, como chows-chows e rottweilers, geralmente não são recomendadas. Às vezes é difícil para este tipo de cão tolerar confortavelmente a agitação das crianças e seus amigos brincando, e podem confundi-los com intrusos no território.
Raças de pastoreio, como o border collies e pastores, são inclinados a perseguir as crianças, por vezes, “beliscando” seus calcanhares.
Temperamento
Apesar de generalizações poderem ser feitas, com alguma cautela, sobre as raças específicas, é muito importante considerar o temperamento individual de cada animal. A personalidade de um cão é formada por experiências passadas e genética.
Quem vai cuidar do cachorro?
É irreal esperar que uma criança, independentemente da idade, terá responsabilidade de cuidar de um cão. Os cães precisam de coisas básicas como comida, água e abrigo, mas eles também precisam de interações rotineiras, com exercícios e treinamentos consistentes. Ensinar um cão as regras da casa e ajudá-lo a tornar-se um bom companheiro é muita responsabilidade para uma criança. Enquanto os adolescentes podem ser responsáveis ao executar tal tarefa, mas também podem não estar dispostos a gastar uma quantidade adequada de tempo com um cão, já que seu desejo de estar com os amigos geralmente assume bastante importância nessa faixa etária. Se você adotar um cão "para as crianças", você deve estar preparado e disposto a ser o principal responsável em cuidar do animal.
Bom começo
Abaixo estão algumas diretrizes para ajudar você a começar com o pé direito. Lembre-se que as crianças nunca devem ser deixadas sozinhas com um cão adulto ou um filhote sem a supervisão de adultos:
- É mais seguro tanto para a criança quanto para o cachorro, que se seu filho esteja sempre sentado quando quiser colocar o filhote no colo. Os filhotes são difíceis de segurar devido ao alto grau de agitação, e ao se movimentarem inconsequentemente podem facilmente cair dos braços de uma criança e se machucarem. Com isso o filhote pode ficar assustado e da próxima vez tentar se defender quando houver tentativa de pegá-lo no colo.
- Sempre que seu filho for acariciar o cão ofereça um brinquedo apropriado para o filhote mastigar. Filhotes na fase de desenvolvimento dentário tendem a mastigar tudo, inclusive mãos e braços, quando se oferece um brinquedo a tendência é que desvie a atenção para o objeto e não para seu filho. Um benefício adicional é que o cachorro associará experiências positivas ao ser manipulado pelas crianças.
- Para cães maiores, o seu filho pode sentar em seu colo e dessa forma pode controlar melhor o seu filho assim não permitindo que ele se empolgue com os mimos mais incisivos. Você também terá a oportunidade de ensinar o cão novo a tratar seu filho com suavidade.
Aprendendo a dar carinho
Crianças querem frequentemente abraçar os cães ao redor do pescoço, e esse gesto pode ser interpretado como uma ameaça, e ao invés de responder afetuosamente o cão pode reagir com um rosnado, ou até mesmo uma mordida. Deve ensinar a criança a fazer carinho no cão de baixo do queixo em vez de abraçá-lo. Também deve ensinar a seu filho a evitar olhar diretamente nos olhos dos cães, pois isso pode também ser interpretado como ameça pelo animal.
Supervisionar as brincadeiras
Crianças correm o tempo todo, movimentam-se bastante e possuem vozes de alta-frequência. Essas ações são altamente provocadoras para um cachorro. E devido a esses fatores o seu cão pode reagir perseguindo ou pulando sobre o seu filho, e consequentemente causar um acidente.
Incentive seu filho a brincar tranquilamente perto do novo cão até que ambos se sintam mais confortáveis um com o outro. O cão também precisa saber quais comportamentos são adequados e quais não são, e para isso é indicado auxílio profissional quando não se tem conhecimento suficiente para lidar com essa situação. Um comando de “solta”, por exemplo, pode ser bastante útil quando as brincadeiras ficam mais incisivas.
Punir o seu cão por se comportar inadequadamente não vai ajudar. Existe uma grande chance de ele perceber, que sempre acontece “coisas ruins” quando têm crianças por perto, e pode adotar uma postura defensiva em relação a seu filho.
Brinquedos
Seu cão não sabe a diferença entre os brinquedos que podem brincar e os brinquedos de seu filho até que você possa ensiná-lo.
Seu filho deve assumir a responsabilidade de manter seus brinquedos fora de alcance do cão.
Não dê objetos pessoais (meias, sapatos velhos, roupas...) para seu cão brincar, pois pode causar confusão no animal do que pode e o que não pode brincar.
Os cães podem não dircenir os brinquedos das crianças que se assemelham itens que são permitidos brincarem.
Cachorros podem ser possessivos com a comida, brinquedos e espaço. Embora seja normal alguns cães a rosnarem e serem agressivos para proteger estes itens, não é aceitável. Ao mesmo tempo as crianças precisam aprender a respeitar seu cão como ser vivo que possuem atitudes peculiares e as vezes precisam de tempo para eles mesmos.
Se seu cão for agressivo e rosnar para seu filho, por qualquer motivo, essa situação precisa de atenção imediata. Puni-lo nessas situações é bem provável que piore as coisas. Por favor, não deixe de procurar auxílio profissional, e busque informações sobre o tipo de metodologia que o mesmo utiliza, já que técnicas baseadas em punição tendem a piorar o problema.
Fonte: AVSAB
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