4 de outubro de 2011

O que dizem os especialistas sobre a Teoria da Dominância nos cães e lobos

Uma ótima compilação sobre as opiniões de especialistas, profissionais e treinadores atualizados sobre a Teoria da Dominância nos cães e nos lobos:


Dr. Ádám Miklósi chefe do Departamento de Etologia na Universidade Eötvös Loránd, em Budapeste. Líder do Programa de Etologia, mestrado em Biologia e presidente da CompCog.

“ É trabalho dos cientistas convencerem os tutores e treinadores de cães que a perspectiva de dominância submissão entre cães e pessoas está desatualizada e que devem adotar uma nova perspectiva…” - 


John W. S. Bradshaw, Emily J. Blackwell, Rachel A. Casey. Journal of Veterinary Behavior: Clinical Applications and Research, Volume 4, Issue 3, Pages 109-144 (May-June 2009).

“ Longe de serem úteis, os acadêmicos dizem, que métodos de treino baseados na redução de dominância variam entre inúteis a perigosos e muito provavelmente contribuem para o piorar os comportamentos” .



David Appleby, especialista em comportamento na clínica de animais desde 1986. Diretor de variadas clínicas veterinárias e durante 20 anos foi o comportamentalista principal da Escola Veterinária de Queen’s na Universidade de Cambridge onde era também tutor. É membro da Association of Pet Behaviour Counsellors (APBC) e é Certified Clinical Animal Behaviourist (CCAB).

“Os diagnósticos errados são sempre maus e no entanto comportamentos “dominantes” são frequentemente citados para descrever todo o tipo de comportamentos que têm outras causas. Por exemplo, devemos evitar usar a etiqueta de “dominante” para descrever a falta de respostas aos desejos do dono causadas por treinos insuficientes ou inapropriados. Da mesma forma, dominância não deve ser diagnosticada para justificar comportamento defensivo causado pelo medo das intenções do dono. Isto ocorre quando a “punição” é usada numa tentativa de acabar com os comportamentos que os donos não querem.”


Sarah Whittaker - Diploma in Companion Animal Behaviour Therapy (DipCABT), Sara is an accomplished author of articles, a regular monthly guest on BBC radio and has filmed behaviour consultations at RSPCA Woodside for Channel 4’s Pet Rescue. Lecturer at The College of Animal Welfare, Anglia Polytechnic University and Brooksby Melton College.

“ A teoria da dominância nunca foi estudada como forma de explicar os relacionamentos inter espécies e eu não considero o que tenha alguma vez tido essa intenção. Outro ponto é lembrarmos que os cães nunca obtêm uma posição “dominante” na nossa casa, apesar de tudo nós damos-lhes abrigo, comida, água e cuidados médicos – à luz da teoria da dominância isto é algo que eles deveriam fazer por nós se quisessem realmente nos dominar.”


James O’heare Certified Animal Behavior Consultant (CABC), Certified Dog Behavior Consultant (CDBC), and a Professional Animal Behavior Consultant (PABC), author, international speaker, President of The Companion Animal Sciences Institute, Director of The Association of Animal Behavior Professionals, Managing Editor of The Journal of Applied Companion Animal Behavior, and was Co-founder of the International Association for Animal Behavior Consultants. Autor de 10 livros publicados e traduzidos em variadas línguas.

“Recomendo evitar substituir a palavra dominância por liderança ou outro termo semelhante porque estes apenas implicam um relacionamento de perda e ganho e todos estes são simplesmente desnecessários. Não existe necessidade de invocar os termos dominância ou liderança que significam a mesma coisa mas são usados para evitar a conotação de dominação. Muitos pessoas sentem que esta noção é necessária. Pois eu acho que não. Simplesmente treinem o cão. O maior problema em ver os relacionamentos entre pessoas e cães à luz do conceito de dominância social é que implicam e promovem um relacionamento conflituoso entre ambos”.



Stan Rawlinson MTCBPT. MPAACT A.DipCCB .

“Em termos simples, eu não posso ser o alpha de uma matilha. Os cães são animais que apenas formam matilhas com membros da mesma espécie. Cães nascem vivos, por isso reconhecem imediatamente a mãe (através do cheiro e do toque), os cães tal como os humanos nascem cegos e surdos e ao contrários dos pássaros não formam laços e agarram-se à primeira coisa que veêm quando nascem.”



Raymond Coppinger, Biólogo, Professor de Biologia na School of Cognitive Science at Massachusetts, treinador e criador de cães e Lorna Coppinger co-fundadora (com Ray) do Livestock Guarding Dog Project em 1977, graduada na universidade da Eslováquia e mestrado em biologia pela universidade de Massachussets. Autores do livro citado em inúmeros estudos científicos “Dogs: A New Understanding of Canine Origin, Behavior and Evolution” 

“ O lobo erradamente denominado alpha não está tentando ensinar a matilha nada de especial, muito menos um senta. O motivo pelo qual tantos acreditam nesta ideia da matilha e a usam no treino e relacionamento com os cães é um verdadeiro testamento do quão tão pouco se sabe acerca do desenvolvimento comportamental canino.”


Barry Eaton Advanced Diploma in Companion Animal Behaviour and Training (COAPE OCN) Adv. Cert. in 'Think Ethology' (COAPE OCN) by Prof Ray & Lorna Coppinger MSc. Membro afiliado do COAPE autor de variados livros, tutor no Animal Care College.

A comparações entre comportamento dos cães e de lobo são enganosas. Embora o cão evoluiu a partir do lobo, o lobo mudou muito pouco. O humano, por outro lado, têm produzido raças de todas as formas e tamanhos. Temos raças com cores diferentes do pelo, pelagem de comprimento variado. Temos cães com tamanhos diversos, cauda e posições da orelha diferentes. Temos cães criados para ajudar o homem para a guarda, busca, pastoreio, puxar trenós e etc. O cérebro do cão mudou, é menor do que de um lobo. Ele tem uma conformação diferente, diferentes padrões e motivações. Um cão não é um lobo em pele de cão, ele é simplesmente um cão.”


Dra Sophia Yin, Veterinária mestrada em comportamento animal. Directora executiva da American Veterinary Society of Animal Behavior, the American Association of Feline Practitioners (AAFP) Handling Guidelines Committee, and the American Humane Association (AHA) Animal Behavior and Training Advisory Committee.

Lobos em estado selvagem, geralmente, não ganham uma classificação hierárquica elevada lutando. Ao invés de um macho alpha e fêmea alpha a alcateia é composta por uma unidade familiar dos pais e da prole. Os pais tornam-se naturalmenteos líderes, e os filhotes naturalmente seguem o seu exemplo. Como resultado desta estrutura na alcateia sendo descoberta, os biólogos que estudam os lobos já não usam o termo alpha.”


Kathy Sdao, Certified Applied Animal Behaviorist (CAAB), autora de livros, convidada para Clicker Expo de Karen Pryor, treinadora de variados animais tais como golfinhos, orcas, cães gatos e ratos. Autora e tutora em diversos colégios nos EUA.

“Apesar dos estudos provando o contrário, ainda há muitas pessoas acreditando que cães formam hierarquias lineares de alfa (dominante) e (submissos). Muitos treinadores tem se baseado nesse sistema de crença, argumentando que você pode resolver os problemas de comportamento em seu cão somente quando você tiver estabelecido a liderança fazendo o papel de Alpha na "matilha" (humanos e cães) formada em sua casa ... não há nenhuma evidência para sugerir que cães percebem seres humanos como parte de sua classificação específica da espécie. Em geral, os seres humanos não possuem a capacidade de reconhecer ou imitar as sutilezas da linguagem corporal canina. Por isso é difícil imaginar que os cães nos classificam como membros de sua matilha.”



David Mech – Biólogo autoridade máxima no estudo do comportamento de lobos, efetuou uma observação do comportamento de lobos no seu ambiente natural por mais de 25 anos.

Neste vídeo ele explica como o termo alpha está desatualizado e que os lobos não relacionam dessa forma. Ele também explica que não se trata de um problema de léxico ou nomenclatura: