31 de julho de 2011

Reflexão I

Trecho retirado do livro: Lições de uma cachorro livre-pensante - Ted Kerasote:


..." Nosso controle sobre entrar e sair, comer, sobre água, eliminação e lazer - reduzimos nossos os cachorros a um estado de rendição silenciosa, uma versão mais branda de síndrome de Estocolmo, que recebeu esse nome pelo assalto a banco em Normalmstorg de 1973, durante o qual dois ex-prisioneiros mantiveram quatro bancários reféns por cinco dias. As vítimas ficaram emocionalmente ligadas a seus captores, e subconsequentemente os defenderam depois de serem liberadas. Duas das mulheres chegaram a ficar noivas de dois dos ladrões.

Esse incidente provocou muita pesquisa social para descobrir se a reação dos reféns foi um acidente aleatório e inesperado ou um exemplo de condição social difusa. Esta última provou ser a hipótese certa, e as características de síndrome - um indivíduo poderoso forçando um preso à submissão, e até a demonstração de afeto. Foram identificadas em casos de crianças dependentes, de esposas que sofrem violência doméstica, prostitutas, prisioneiros de guerra e vítimas de sequestros de aviões.

Obviamente, a maioria dos tutores de cães não pretendem maltratar seus animais, pelo contrário. Se os 15 bilhões de doláres que americanos gastaram apenas com alimentos para cachorro em 2004 servem como indicação, a maior parte deles faz o melhor para proporcionar vidas felizes de saudáveis a seus animais. Todavia, é difícil não concordar que virtualmente todos os cachorros são presos. De fato, as atividades que apreciam - passear, ver outros cães, e explorar odores interessantes - são constantemente frustradas pelas exigências da civilização moderna e por métodos de treinamento desenvolvidos para criar o que os treinadores de cães, repetindo a palavra de muitos outros, chamam de: inversão de milhões de anos de evolução e propensão genética. Assim, a lealdade que as pessoas recebem dos seus cães é verdadeira ou é entorpecida de presos aos seus captores?..."

Dr. Paulo F. de O. Deslandes
Etologia Clínica - Veterinário especializado em Comportamento Canino e Felino

Site: http://www.ccanimal.com.br

Blog: http://artigoscao.blogspot.com

Twitter: @PauloDeslandes

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25 de julho de 2011

Devo fazer o "rolamento alpha" no meu cão? Não!


Por Dr. Paulo Fernando Deslandes:

O rolamento alpha ficou famoso como forma de limitar os cães, e é amplamente divulgado em um programa de TV. Consiste em forçar o cão a ficar com o dorso no chão e consequentemente com a barriga para cima. A função disso seria a de deixar claro para o cachorro que você o domina num sistema rígido de hierarquia, e assim o animal lhe enxergaria como o dominante na relação. Há indicações que lobos selvagens fariam isso nas alcateias para deixar claro aos submissos que o mesmo é o dominante, mas hoje em dia há bastante controvérsia em relação a isso, principalmente se tratando de cães. A teoria da dominância está desatualizada, e em breve trataremos desse assunto nesse blog.

Se você não consegue executar o “rolamento alpha“ no seu cão, não se preocupe, pois não tem utilidade alguma no relacionamento cão e humano. Se você tem um cachorro e acha que ganharia “respeito” e reconhecimento por ser o dominante na relação executando o rolamento alpha, estudos atuais demonstram que a consequência disso seria desconfiança e medo por parte do cão. 

Na grande maioria dos casos, no dia a dia, as pessoas influenciadas na sua maioria pela mídia, pensam que forçando o cão a se deitar no chão, rolamento alfa, é o procedimento adequado após o animal apresentar agressividade e dessa maneira colocar o cachorro “no seu devido lugar”. 

Quando o cão é agressivo, de início normalmente avisa rosnando. E isso quer dizer que ele está desconfiado e desconfortável com alguma situação, quando o tutor entra com algum tipo de punição física nesse momento as suspeitas do cão são confirmadas e a desconfiança se torna maior ainda. 

Quando você “luta” com seu cão para executar o rolamento alpha existem caminhos que esse processo pode levar. O primeiro é que realmente você é mais forte que seu cão e ele vai desistir de lutar, mas com desconfiança, medo e ressentimentos. E o outro caminho é o cão recuar e ficar na defensiva entrando num estado de “matar ou morrer” e aí as pessoas podem se machucar seriamente.

Ambos os caminhos resultam em cenários de um cão com problemas de confiança. E como todos nós devemos saber, a confiança é a base de todo relacionamento saudável. 

Quando um cão rosnar se mostrando agressivo é melhor prestar atenção à advertência e recuar. Encontre uma distração para acalmar os ânimos e com segurança colocar o cão em um lugar seguro. Em seguida analise a situação com calma para saber com exatidão o que realmente aconteceu. 

Procure o porquê que o seu cão se sentiu ameaçado com sua presença, para que depois possa trabalhar de forma segura e evitar que o animal se sinta ameaçado novamente. Na grande maioria das vezes a agressividade está ligada a objetos ou locais. E tudo isso poderia ser evitado com um treinamento baseado em reforço positivo feito anteriormente. 

Sempre bom lembrar que violência gera mais violência.

Dr. Paulo F. de O. Deslandes
Etologia Clínica - Veterinário especializado em Comportamento Canino e Felino

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9 de julho de 2011

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