20 de junho de 2012

Coleiras enforcadoras


por MV, Paulo Deslandes, Etologia Clínica e Consultoria Comportametal Animal:

Ainda nos dias de hoje é bem comum vermos profissionais utilizando coleiras tipo enforcadoras como material de trabalho, e isso é devido a metodologias mais antigas que se baseavam basicamente nelas para o treinamento. A mesma metodologia que só permitia adestramento para cães acima de 6 meses, as vezes 1 ano, devido a limitações de utilizá-la num animal pequeno.


VIVENDO E APRENDENDO

No início da minha vida profissional cheguei a também utilizar, já que a grande maioria dos cursos e materiais disponíveis na época sempre exigia essa ferramenta. Como trabalho com vidas, procuro sempre me atualizar, e durante minha jornada fui agregando conhecimentos e descobrindo ferramentas e técnicas positivas que me possibilitaram trabalhar sem punir os cães, assim como a coleira tipo enforcadora faz, e logicamente na prática se mostraram muito mais eficientes.


COMO FUNCIONA

A maneira mais tradicional, as coleiras enforcadoras, são utilizadas por adestradores através de puxões que vão de moderados a forte, mas que sejam suficientes para fazer o cão parar o que estavam fazendo no momento. Por exemplo, se um cão começa a farejar e puxar numa caminhada, rapidamente se prepara para dar um puxão rápido, ou fazer uma parada brusca, com intenção que o cão pare de puxar na caminhada.

Com o enforcador, o objetivo principal é que o cão associe a punição do solavanco gerado pelo puxão quando se “comporta mal”. Muitas das vezes alguns adestradores deixam claro que não há necessidade de realizar vários puxões, e sim apenas um que seja suficientemente forte para que o cão lembre que quando repetir tal comportamento, uma correção dolorosa possa ocorrer novamente.


COMO FAZER PARA EVITAR O ENFORCADOR?

Filosofias de treinamento baseadas no reforço positivo, onde o bom comportamento é recompensando (petiscos, carinho e brinquedo), e remoção de atenção para os comportamentos indesejáveis. Metodologias onde não há necessidade de punir o animal não possuem efeitos colaterais como agressividade e medo, por exemplo, que são efeitos encontrados algumas vezes quando foi realizado um treinamento aversivo.


O USO DOS ENFORCADORES PODE CAUSAR ALGUM PROBLEMA?
Não surpreende que um puxão na guia com um enforcador no pescoço pode causar algum problema de saúde. A força exercida pela pressão de um enforcador pode aumentar a pressão intra-ocular e consequentemente levar a um problema posterior. As vias aéreas podem ser lesadas ou exacerbar um problema já existente, como, por exemplo, piorar a tosse de cães propensos ao colapso de traquéia, principalmente Pugs e Bulldogs. Além disso os cães em geral podem desenvolver danos neurológicos quando as correções com os puxões são mais intensas. Um dano, denominado síndrome de Horner, pode resultar em alterações na pupila do olho e do nervo induzindo o cão a mancar com a pata da frente.

Por questões de segurança um cão nunca pode ser deixado sem supervisão utilizando um enforcador, pois o mesmo pode ficar preso em alguma coisa, o animal se desesperar e consequentemente pode ser enforcado.