28 de março de 2009

Estética castiga cães de pedigree com doença genética

Na Grã-Bretanha, cães de raça pura, os chamados cães de pedigree, estão sofrendo de doenças genéticas em conseqüência de anos de cruzamentos, mostrou um documentário da BBC.

Segundo o programa Pedigree Dogs Exposed (algo como 'Cães de pedigree expostos', na tradução livre), as doenças refletem a cultura de priorizar a aparência dos animais usados em shows em detrimento da sua saúde. O documentário exibiu cavaliers King Charles spaniel com cérebros maiores que os crânios, boxers portadores de epilepsia e uma fêmea buldogue que não podia dar à luz sem assistência. Mesmo com saúde debilitada, os cães são autorizados a participar de competições. Além disso, o Kennel Club do país aceita registrar animais nascidos de cruzamentos entre mãe e filho ou irmãos e irmãs. A prática é comum como forma de manter o padrão estético apreciado como "puro" no meio. Três em cada quatro dos 7 milhões de cães que vivem na Grã-Bretanha têm pedigree, gerando para seus donos um custo anual de cerca de 10 milhões de libras esterlinas (mais de R$ 31 milhões) só com veterinário.

Preço terrível

Uma pesquisa recente realizada pelo Imperial College de Londres mostrou que os cruzamentos entre cães com parentesco próximos são tão comuns em pugs que os cerca de 10 mil animais registrados na Grã-Bretanha vêm de uma linhagem de apenas 50 indivíduos distintos. "As pessoas estão realizando cruzamentos que seriam, em primeiro lugar, totalmente ilegais em seres humanos", disse o professor de genética do University College of London Steve Jones. "Isto é absolutamente insano do ponto de vista da saúde dos animais. Algumas raças estão pagando um preço terrível em termos de doenças genéticas." Entrevistado pelo programa, o veterinário Mark Evans, da organização pelos direitos dos animais RSPCA, culpou o sistema de registro e as regras de aparência que determinam a lógica no mundo canino. "O bem-estar e a qualidade de vida de muitos cães de pedigree estão seriamente comprometidos pelas práticas estabelecidas em função da aparência, guiadas primariamente pelas regras e requerimentos do registro e das competições", afirmou. Cão de raça vencedor de concurso de beleza Exagero de padrão de concursos de beleza traz riscos para animais Entretanto, uma porta-voz do Kennel Club britânico disse que a entidade está trabalhando "incansavelmente" para melhorar a saúde dos cães de raça. "Qualquer cão pode participar de exposições, cabe ao juiz decidir se ele corresponde aos padrões da raça", disse Caroline Kisko. "Quando as características se tornam exageradas, ocorrem os problemas de saúde. Isto é algo que o Kennel Club não estimula. Ao contrário, ativamente educa as pessoas através de campanhas, incluindo os juízes, contra esse tipo de prática."

Fonte: http://www.bbc.com.uk


(minha opinião)

Não é a toa que nossos amigos denominados "vira-latas" são os cães mais resistentes e menos problemáticos. Melhor ainda quando é a natureza que se encarrega de reproduzi-los, e não o homem brincando de Deus. Cruzamentos entre parentes próximos não é um tabu por questão de religião, e sim por questão de saúde. Anomalias genéticas são reforçadas quando há proximidade genética. E nossos amigos cães, principalmente, sofrem com isso. Pois ao se apurar as raças de hoje em dia houveram cruzas inúmeras entres parentes, e ainda há essa prática, não só como forma de apurar a raça, mas também como forma de ganhar dinheiro com o maior número de cãezinhos possíveis. Independente da saúde deles, que está longe da lista de prioridades quando se fala em capital. Essa é a realidade de muitos criadores de cães por aí.

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