29 de março de 2011

Seu cachorro não gosta de ficar sozinho?

ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO

Seu cão lhe segue o tempo todo? Cumprimenta exageradamente assim que você retorna para casa? Não consegue ficar sozinho sem que fique desesperado? Ele me ama muito! Pensa alguns “felizes” tutores. Será? Esse tipo de comportamento, aliado a outros sintomas, caracteriza um transtorno comportamental denominado Ansiedade de Separação. Que é outro entre tantos transtornos de comportamento canino que tem surgido devido ao tratamento humanizado perante os cães.

O que é?

É um comportamento de ansiedade excessiva que os cães experimentam quando separados da pessoa, ou pessoas, a quem são apegados. E esse mal estar pode gerar sérios problemas ligados ao comportamento do cão e até mesmo a sua saúde física, já que o animal vive intensos episódios de estresse.

Sintomas

Entre os sintomas da ansiedade de separação, que acontecem na ausência do tutor, estão incluídos: vocalização excessiva (uivos, choros ou latidos em excesso), comportamento destrutivo (roer ou arranhar objetos pessoais da figura de vínculo ou as possíveis rotas de acesso a essa figura), micção e defecação em locais inapropriados e freqüentemente em locais ou objetos que sejam referência à figura de vínculo. Pode estar incluídos também, a perda de apetite, salivação em excesso e comportamentos compulsivos diversos.

Freqüência

Estudos nos EUA indicam que a ocorrência desses problemas podem acometer cerca de 40% dos cães e, há dados, na renomada Clínica de Comportamento Animal da Universidade de Cornell, que é o terceiro problema de comportamento mais freqüente.

Prevenção

A primeira coisa a se considerar é na hora que resolve adquirir um cão como animal de companhia. Os cachorros são animais de hábitos sociais, portanto apreciam a presença dos membros da família. Se irão ficar sozinhos por um período maior que 4 horas, é melhor que se considere outro pet mais adequado para seu ritmo de vida.

Reforços inadvertidos de tutores perante as saudações efusivas dos cães durante o retorno ao lar contribuem para o agravamento da ansiedade canina, pois os cães solitários aguardam esse momento do reencontro de uma forma nada saudável. Então, obviamente, um dos procedimentos seria de ignorar o cão até que se acalme, e então de uma forma calma e ponderada direcionar a atenção para o mesmo.

Partidas relacionadas a se “despedir do cão” também são fatores contribuintes, já que se cria um momento de vínculo com o animal e logo após o tutor sai o deixando para trás. Portanto ignorar o cão momentos antes das partidas deve ser regra dentro de uma rotina de prevenção.

Preparar o ambiente para o animal se distrair durante a ausência das pessoas é uma ótima maneira de distraí-lo nos momentos de solidão. Existem hoje no mercado variados tipos de brinquedos que liberam petiscos de forma gradual, conforme a interação do cão, e, ainda há alimentos de longa duração que os entretêm.

Exercícios físicos como uma boa caminhada ao ar livre, diariamente, é obrigação para todos os cães, já que os exercícios físicos liberam hormônios ligados ao bem estar, assim os deixando mais relaxados e felizes.

O que não fazer

Punições não são eficazes para o tratamento de ansiedade de separação e pode piorar a situação. A destruição, vocalizações excessivas, e a sujeira da casa, que muitas vezes ocorre com a ansiedade de separação, não é a vingança do seu cão para ficar sozinho e sim parte de uma resposta de pânico.

Adquirir um outro cão como companheiro não costuma ajudar um animal ansioso, porque a ansiedade é o resultado da separação do tutor, e não apenas o resultado de estar se sentindo sozinho.

Adestramento de Obediência não é indicado, já que ansiedade de separação não é o resultado de desobediência ou falta de treinamento e, portanto, não vai ajudar nesta questão em particular.

Tratamento

Um diagnóstico primeiramente tem que ser fechado por um veterinário especializado em comportamento canino, para que se prescreva um tratamento adequado. Nos casos mais severos é necessário a intervenção farmacológica como forma de auxílio, e não de cura. Muitas vezes o sucesso do tratamento é duvidoso devido a não colaboração dos tutores, já que faz parte do programa, a diminuição do vínculo relacionado às pessoas e o cão, e muitos não aceitam isso. Outro problema é a disciplina devido ao longo período do tratamento, que requer muita paciência e colaboração de todos envolvidos. Sempre bom lembrar que um cão ansioso é um cão estressado, e o estresse deixa a imunidade baixa levando o animal a ficar suscetível a doenças diversas.

Fonte: Dr. Paulo F. de O. Deslandes - Médico Veterinário especializado em Comportamento Canino e Felino; Artigo publicado na revista Pequenos Cães ed.32 - 2010

(Direitos autorais: O texto somente poderá ser reproduzido com a autorização do autor)

2 comentários:

  1. Vocês nem imaginam como esse texto me ajudou. Estou passando por esse problema com minha Shihtzu e não sabia mais o que fazer. Agora vou tentar seguir as orientações.

    Valeu demais!!!

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  2. Muito bom, eu tenho um cão de 3 anos e eu comecei a perceber que ele não gosta de ficar sozinho que quando eu saiu ele tenta vir junto e choraminga, e até mesmo quando estou só eu em casa ele fica na porta esperando minha mãe. Esse texto ajudou bastante vou começar a fazer esses truques para ver se ele para! (:

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